segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O espelho que me desvela


minha contribuição para a blogagem coletiva "O que o espelho reflete?"


Eu puxo a carta e ela me puxa. Não é ela que está ali de fato, ela é apenas o símbolo pra eu mesmo que me desvelo dentro dela. 

Perambulando por entre os degraus decrescentes de sua escadaria, entrando e me desfazendo eu o vejo metamórfico. "É um centauro" é a fala mais comum. Mas nós nos conhecemos por nome, sexo e ancestralidade. Não é tão somente um  centauro; é Quíron, o centauro. Padroeiro de toda habilidade, ele se esconde e me convida no seu desvelar a revelar-me a ele, e o que é revelar que não aprender a ver? 

Vemo-nos mutuamente, um ao outro. Escondendo e preservando a chama que se confunde à pequena e abismal cura que lhe é dominada e que o faz procurado. 

E aqui, frente ao espelho, vejo esse hierofante tão desprovido de cerimônia e tão caro. Sua sacralidade não está nos adornos de um Papa, mas nos pelos e patas que o fazem, assim como eu, ter os pés na terra, e os braços onde o céu não pode fazer limite. O que lhe faz sagrado, assim como o que me faz humano é um arcano sui generis, um louco... uma jornada. Ele é o estágio em que me vejo refletido, o momento em que procurando por ele, ele chamou por mim no escuro de sua caverna. Ele é um encontro, firmamento.


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